domingo, 24 de março de 2013

O Resgate da Mulher Moderna


A mulher moderna vem se perdendo em seus papeis femininos. Não estou falando do estereótipo, pois nesse quesito estamos muito bem colocadas, temos uma aparência feminina, nos vestimos bem, nos cuidamos e temos gestuais bem femininos e até charmosos, mas em essência nunca estivemos tão masculinizadas. Isso tudo porque queremos nos igualar ao homem no que diz respeito às emoções.

Queremos ser mais práticas, mais racionais, mais focadas e menos sensíveis, porém, isso não é ser mulher em essência. Quando as feministas jogaram a isca sobre direitos iguais, o mundo começou a nos cobrar emoções iguais e foi aí que nos perdemos.

Nós nos perdemos de nossa essência feminina e começamos a achar difícil ser mulher. Começamos a nos incomodar em aceitar nosso papel de cuidadora, de equilibradora, de geradora de vida e de sensibilidade. A sociedade e as revoluções sociais nos fizeram acreditar que as características femininas essenciais de delicadeza e emotividade são demonstrações de fraqueza e fragilidade. Nós passamos a acreditando nisso e por causa do mercado de trabalho e da competição no mundo capitalista fomos reprimindo essas características em nós.

Muitas de nós fazemos questão de competir de igual pra igual e nos sentimos vitoriosas em “ganhar”. Outras de nós não competimos, mas fazemos um esforço danado para reprimir as emoções e não demonstrar fraqueza.

Com esses comportamentos ganhamos respeito profissional e vidas vazias, relacionamentos amorosos competitivos, ciclos menstruais terríveis (já que temos dificuldades até em aceitar o ápice que caracteriza a mulher) e ganhamos confusões emocionais em relação ao nosso papel na vida.

Não estou dizendo que temos que abandonar tudo e voltarmos a ficar trancadas em casa como figuras passivas e sem direitos e desejos. Mas precisamos parar e prestar atenção ao caminho que estamos tomando em relação ao nosso papel feminino na vida.

Não é fácil fazer esse caminho de volta e redescobrirmos nosso mundo feminino. Eu decidi fazer essa caminhada quando tomei contato com esses conhecimentos e tenho acompanhado muitas mulheres nessa caminhada. Não é fácil por causa da cobrança social, por causa de nossa autocobrança e até mesmo porque não aceitamos muitas características da feminilidade. Mas é gratificante e você descobre que pode fazer tudo o que você já faz, porém, conectada com a sua porção mulher, com sua essência feminina e tudo flui e fica mais fácil e mais bonito.

Se continuarmos a negar isso em nós, se continuarmos a fugir de nossa essência, podemos adoecer no corpo e na mente. Algumas doenças femininas vêm aumentando cada vez mais como um alerta a sinalizar que algo não está indo bem.

Não consigo dizer a vocês nesse pequeno espaço e nessa pequena conversa sobre tudo o que podemos fazer para retomar isso, mas algumas dicas podem ajudar:

- Aceitar os ciclos da vida, aceitar aquilo que não está em nosso controle com tranquilidade. Isso significa, por exemplo, aceitar que nosso corpo muda, que as pessoas não estão no nosso controle e que muitas coisas acontecem a despeito da nossa vontade. Uma boa dica nesse caso é parar e se perguntar: Essa situação está no meu controle? Posso fazer algo a respeito? Se a resposta for não, procure ficar em paz e deixar os acontecimentos tomarem seu rumo até o momento que você possa entrar em cena novamente.

- Aceitar que não temos um sistema emocional linear e que assim como nossos hormônios temos variações emocionais durante o mês. O que fazemos tranquilamente numa semana pode ser muito difícil e pesado em outra semana. Isso significa que precisamos parar e prestarmos atenção em nosso corpo, em nossa disposição e em nossa energia. Pergunte-se: Como estou hoje? O que está me irritando? O que está me chateando? Estou cansada? As respostas a essas perguntas podem te levar a se conhecer melhor e pode te ajudar a se respeitar nas dificuldades que você perceber.

- Aceitar que temos um papel na vida e nas relações diferentes dos homens, facilita e nos ajuda a nos relacionarmos de forma mais saudável. Nosso papel nas relações é apaziguador, é ser cuidadora, é integrar pessoas e coisas. O mundo tem nos ensinado a sermos individualistas e isso tem nos afastado dessas importantes características femininas.

- Precisamos entender que nós brigamos por direitos iguais para gêneros diferentes e aí está um dos nossos grandes erros. Quando as feministas começaram a se movimentar em busca da libertação da mulher, elas foram extremamente guerreiras, foram corajosas e demonstraram força. Porém, elas ou o mundo (não sei dizer de quem foi exatamente a falha) esqueceram que temos direitos iguais sim, mas somos diferentes em gêneros. Horário de trabalho, licença maternidade e TPM são coisas que somente agora tem sido revistas e mesmo assim, com muitas reservas ainda. Somos diferentes sim e precisamos aceitar que temos necessidades diferentes.

Essas são algumas pequenas dicas e que vão despertar dúvidas e questionamentos com certeza, mas minha intenção é essa mesma, deixá-las incomodadas. Para escrever tudo a que se refere a isso teria que escrever um livro, pois, são muitos toques e dicas do dia-a-dia para experimentarmos.

O incomodo é o primeiro passo para ficarmos curiosas com alguma coisa, então busquem, fucem e troquem informações. A internet está cheia de sites, blogs e artigos falando sobre isso. Conheço muitas mulheres fazendo o trabalho do resgate do feminino, eu sou uma delas, mas existem muitas mulheres que já se despertaram e estão ajudando outras a fazerem o mesmo.

O Importante, mulher amiga, é você voltar pra sua casa, sua essência e descobrir a melhor forma de se expressar no mundo. Se sua expressão do feminino for a arte, então pinte, dance, cante. Se for brigar por uma sociedade melhor, então brigue com ternura e sensibilidade sem bater na mesa. Se for ser uma empresaria de sucesso, então seja uma empresaria que chore, ri e brinca no trabalho. Se for ser mãe e esposa, então seja cuidadora sem se sentir desvalorizada por isso.

Isso é um convite, só um convite, de alguém que constantemente exercita essa volta pra casa e que se sente muito feliz e realizada por isso.

Estou escrevendo esse artigo com meu filhote brincando nos meus pés e às vezes sentando no meu colo, me dando beijos e me chamando para me mostra alguma arte. Eu jamais seria capaz de fazer isso com paciência antes da minha volta pra casa.

Fico por aqui e desejo que cada mulher que ler esse pequeno artigo possa se sentir tocada, que no mínimo fique curiosa com o assunto, isso já me deixará satisfeita em meu papel feminino de ajudar no resgate de outras mulheres.

Abraço e beijos carregados de energia feminina